Tema 3 – Os principais jornais brasileiros
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Tema 3 – Os principais jornais brasileiros


É inegável a atuação da imprensa escrita nos diversos períodos da história do Brasil, sobretudo nos aspectos que influenciaram politicamente os rumos do País. Neste texto, destacamos os quatro importantes periódicos (O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil e O Globo) e a atuação de cada um nos momentos decisivos da nossa história.

O Estado de São Paulo

"O Estado de S. Paulo” é o mais antigo dos jornais da cidade de São Paulo ainda em circulação. Em 4 de janeiro de 1875, ainda durante o Império, circulava pela primeira vez “A Província de S. Paulo” - seu nome original. Somente em janeiro de 1890, após o estabelecimento de uma nova nomenclatura para as unidades da federação pela República, receberia sua atual designação.

Primeira edição – A Província de São PauloPrimeira edição – A Província de São Paulo

O jornal foi fundado por 16 pessoas reunidas por Manoel Ferraz de Campos Salles e Américo Brasiliense, concretizando uma proposta de criação de um diário republicano surgida durante a realização da Convenção Republicana de Itu, com o propósito de combater a monarquia e a escravidão. Seus primeiros redatores foram: Francisco Rangel Pestana e Américo de Campos.

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Em 1876, a venda avulsa foi impulsionada pelo imigrante francês Bernard Gregoire, que saía às ruas montado num burro e tocando uma corneta para chamar a atenção do público — e que, décadas depois, viraria o próprio símbolo do jornal — aumentou a tiragem do jornal.

O jornal inicial tinha 4 páginas e sua tiragem inicial era de 2.000 exemplares, bastante significativa para a população da cidade, estimada em 31 mil.

No início de 1888, meses antes da proclamação da República, Euclides da Cunha, então um jovem redator republicano expulso do Exército passa a colaborar com "O Estado", sob o pseudônimo de Proudhon. Neste mesmo ano “A Província” atingia a marca de 4.000 assinantes.

Em janeiro de 1890, já com o nome de “O Estado de S. Paulo”, a tiragem havia dobrado: 8 mil. Em 1896 a tiragem não consegue ultrapassar os dez mil exemplares, não por falta de novos leitores, mas devido às limitações do equipamento gráfico. Porém, uma nova máquina é adquirida e a tiragem pula para 18 mil exemplares durante a campanha de Canudos, quando eram ansiosamente aguardadas as reportagens enviadas por Euclides da Cunha através do telégrafo.

Ao final do século XIX, o Estado já era o maior jornal de São Paulo.

Ao final do século XIX, o Estado já era o maior jornal de São Paulo.

Em 1902, Júlio Mesquita, redator desde 1885 e genro de José Alves de Cerqueira César, um dos 16 fundadores, torna-se o único proprietário. Durante todo o transcorrer posterior da chamada República Velha (até 1930) o jornal se colocou ao lado dos contestadores do viciado sistema eleitoral conhecido pejorativamente como “bico-de-pena”, caracterizado pelo voto em aberto e manipulação fraudulenta.

Em 1924, o Estado foi impedido de circular pela primeira vez, após a derrota do levante tenentista que sacudiu a cidade. Julio Mesquita, que tentara intermediar um diálogo entre os revoltosos e o governo, foi preso e enviado ao Rio de Janeiro, sendo libertado pouco depois.

Em 1930 o jornal apoiou a “Aliança Liberal” e a candidatura de Getúlio Vargas à presidência, em oposição a Júlio Prestes, o candidato oficial do PRP. Neste mesmo ano atinge a tiragem de 100 mil exemplares e lança aos domingos um Suplemento em Rotogravura, com grande destaque às ilustrações fotográficas.

Máquina de Rotogravura

Máquina de Rotogravura

Em 25 de janeiro de 1934, o então governador Armando de Salles Oliveira assinou o decreto de criação da USP, uma idéia lançada pelo jornal ainda em 1927 através de uma campanha liderada por Júlio de Mesquita Filho.

Com a eclosão do Estado Novo, em 1937, o jornal manteve a oposição ao regime e, em março de 1940, foi invadido pelo Dops e, numa farsa, armas foram "apreendidas" na redação. O jornal foi inicialmente fechado e logo depois confiscado pela ditadura, sendo administrado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) até 1945, quando foi devolvido pelo Supremo Tribunal Federal a seus legítimos proprietários. Os números publicados a partir da intervenção são desconsiderados na história do diário.

Pedido de desculpas do Estadão em 02/09/1950

Pedido de desculpas do Estadão em 02/09/1950

Em 1966 o Grupo Estado aumentou consideravelmente seu envolvimento com a cidade ao lançar o Jornal da Tarde, um diário com um acompanhamento especial dos problemas urbanos. Dois anos depois tanto O Estado de S. Paulo como o Jornal da Tarde passaram a ser censurados pela sua posição contrária ao regime militar, resistindo com a denúncia da censura através da publicação de poemas de Camões e receitas culinárias, respectivamente, em lugar das notícias proibidas. A censura só seria retirada em janeiro de 1975 com o projeto de distensão política iniciado pelo governo do general Ernesto Geisel. Em fevereiro de 1967 a tiragem de "O Estado" ultrapassa 340.000 exemplares. No dia 25 de setembro a AII (Associação Interamericana de Imprensa) protesta contra a censura sofrida pelo "O Estado"ao comentar a morte do ex-presidente Castello Branco.

No dia 13 de dezembro de 1968 "O Estado" é impedido de circular por ordem da ditadura militar. O editorial “Instituições em frangalhos” escrito por Júlio de Mesquita Filho é o motivo da arbitrariedade. A partir de então começa a censura dentro da redação dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Jornal da Tarde”. Júlio de Mesquita Filho vem a falecer no dia 12 de julho e Francisco Mesquita em 8 de novembro. Apesar das dificuldades enfrentadas com a ditadura militar, o Grupo Estado continua se diversificando: no dia 4 de janeiro de 1970 nasce a “Agência Estado”. Em 1972 o "Estúdios Eldorado" inicia suas atividades.

Em agosto de 1981 “O Estado de S. Paulo” e o “Jornal da Tarde” ganham em última instância uma ação contra a União pelas perdas sofridas com a apreensão das edições de 10 e 11 de maio de 1973, quando apenas os dois jornais foram proibidos de noticiar a renúncia de Cirne Lima, ministro da Agricultura durante o governo Médici. 

Em março de 2000 ocorreu a fusão dos “sites” da Agência Estado, O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde resultando no portal Estadao.com.br, veículo informativo em tempo real. Em outubro de 2004, após o saneamento financeiro, o Estado empreendeu uma reformulação gráfica com a criação de novos cadernos e tem recebido sucessivos prêmios de excelência gráfica e em janeiro deste mesmo ano o portal Estadao.com.br superou a marca de um milhão de visitantes mensais, consolidando sua posição de liderança em consultas a veículos de jornalismo em tempo real no Brasil.

Em 25 de setembro de 2010, em um editorial intitulado "O mal a evitar", o jornal declarou abertamente o seu apoio ao candidato José Serra na eleição presidencial no Brasil em 2010, afirmando que o candidato é "o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País", e criticando o presidente Luís Inácio Lula da Silva pelas suas acusações de que a imprensa brasileira estaria se comportando "como um partido político" e pela "escandalosa deterioração moral" de seu governo.

 

A Folha de São Paulo

A Folha de S.Paulo, Folha de São Paulo, ou simplesmente Folha, é um jornal brasileiro editado na cidade de São Paulo e o segundo maior jornal de circulação do Brasil, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). A circulação média diária em 2010 é de 294 498 exemplares. Ao lado de O Globo e O Estado de S. Paulo, a Folha, que pertence ao Grupo Folha, é um dos jornais mais influentes do país

Fundado, em 19 de fevereiro de 1921, o jornal "Folha da Noite". O jornal criado por Olival Costa e seu sócio Pedro Cunha noticiava com prioridade as deficiências dos serviços públicos. Lançou campanhas pelo voto secreto e apoiou o tenentismo e o Partido Democrático. A Redação é instalada em uma sala, à rua São Bento, 66-A, no segundo andar de um prédio, na cidade de São Paulo. A impressão é feita nas oficinas de "O Estado de S. Paulo", à rua 25 de março. 

Jornal Folha da Noite

Jornal Folha da Noite

Em julho de 1925 é criado o jornal "Folha da Manhã", edição matutina da "Folha da Noite".

Em 1949, é fundado a “Folha da Tarde”. Os três títulos “Folha da Noite”, “Folha da Manhã” e “Folha da Tarde” se fundem e em 1º de janeiro de 1960, surge o jornal “Folha de São Paulo“.

Inicialmente, a Folha de São Paulo apoiou o golpe de 1964 e a ditadura militar implantada no Brasil até o governo do presidente general Ernesto Geisel. Em editorial publicado no dia 22 de setembro de 1971, o jornal definiu o regime ditatorial nos seguintes termos:

“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama.”

Capa da Folha em 09 de junho de 1964

Capa da Folha em 09 de junho de 1964

Em 19 de outubro de 1967, a “Folha da Tarde” retorna às bancas. A Folha, nesta fase, inicia a modernização de seu parque gráfico. Na década de 70, inicia a impressão na rotativa metro-offset, recém lançada nos EUA. Em 1974, todo o jornal passa a ser feito em fotocomposição. Entretanto, a partir de meados da década de 1970, a Folha passou a defender o retorno da democracia, dando oportunidade de manifestação tanto aos líderes militares quanto aos políticos de oposição.

Na década de 80, assumiu a liderança em circulação no país; em 1983, é o primeiro jornal da América do Sul a informatizar a sua redação. A informatização diminuiu em 40 minutos o processo de produção e fechamento do jornal. Na década de 90, é o primeiro veículo de imprensa a pedir o Impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Em 1992, Octávio Frias passa a ser o proprietário unitário da empresa Folha, a página do jornal passa a ser impressa colorida todos os dias e são lançados o Caderno Mais e a Revista da Folha.

Capa histórica em 30 de setembro de 1992

Capa histórica em 30 de setembro de 1992

Em janeiro de 2000, o grupo Folha lança o Brasil On Line (BOL) e o NetGratuita. Em maio de 2000, associado ao Infoglobo, lança o jornal “Valor” de conteúdo financeiro e econômico. O Jornal Folha de São Paulo possui uma circulação média em dias úteis de 300 mil exemplares e 370 mil aos domingos.

Em setembro de 2010, a ombusdman de Folha de S. Paulo, Suzana Singer, criticou duramente o periódico. Segundo ela, o jornal estaria “se dedicando a revirar vida e obra” da candidata à presidência Dilma Roussef do PT e noticiando estas informações de forma parcial. Comentou ainda a reação de leitores no Twitter, na qual a hashtag #DilmaFactsByFolha - uma série de piadas e críticas à Folha de usuários da rede social - chegou ao primeiro lugar dentre os temas mais comentados.

 

O Jornal do Brasil

O Jornal do Brasil é um tradicional jornal brasileiro, publicado diariamente na cidade do Rio de Janeiro e impresso até setembro de 2010, quando se tornou exclusivamente digital.

Fundado em 1891 por Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas, escolheu-se a data de 9 de abril para o seu lançamento, em comemoração aos 60 anos do Te-Deum em ação de graças pela aclamação de Pedro II como imperador, dando assim claro sinal de sua simpatia pelo antigo regime, mas a postura do Jornal do Brasil era moderada em relação à sua luta ideológica, pois surgiu fortemente capitalizado e com intenção de vida longa, não pretendia ser liquidado pelo governo como aconteceu com vários pasquins monarquistas. Contou com diversos colaboradores de prestígio sem clara vinculação ao monarquismo militante, como José Veríssimo, Said Ali e Rio Branco.

Primeira capa do Jornal do Brasil

Primeira capa do Jornal do Brasil

O Jornal do Brasil já surgiu como “grande imprensa”, fortemente capitalizado, com clara intenção de vida longa. O periódico inovou por sua estrutura empresarial, parque gráfico, pela distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros, como Eça de Queirós. De orientação conservadora, defendia a monarquia recém-derrubada, até que Rui Barbosa (1849-1923) assumiu a função de redator-chefe (1893). Foi propriedade do Conde e da Condessa Pereira Carneiro e depois de seu genro, Manuel Francisco do Nascimento Brito.

Capa do dia 08 de junho de 1964

Capa do dia 08 de junho de 1964

Em 2001, a família Nascimento Brito arrendou o título do jornal para o empresário Nelson Tanure por 60 anos, renováveis por mais 30. A intenção do empresário, conhecido por comprar empresas pré-falimentares, saneá-las e depois revendê-las, era recuperar o prestígio do jornal. Naquele ano, as vendas do jornal eram de 70 mil em média durante a semana e 105 mil aos domingos. Recuperou-se a partir de 2003, atingindo 100 mil exemplares em 2007, quando então as vendas novamente começaram a cair, chegando a 20.941 em março de 2010.

Em 2005, o JB instalou-se na Casa do Bispo, imóvel histórico e representativo do colonial luso-brasileiro, datado do início do século XVII, que já serviu de sede à Fundação Roberto Marinho e começou a circular nas bancas no chamado "formato europeu", um formato maior que o tablóide e menor que o convencional, seguido por diversos jornais daquele continente.

Em 2008 o Jornal do Brasil realizou uma parceria de digitalização com o buscador Google que resultou no livre acesso em texto completo das edições digitalizadas das décadas de 30 a 90, que podem ser acessadas pelo link Acervo histórico digitalizado do Jornal do Brasil;

Em julho de 2010, foi anunciado o fim da edição impressa do jornal que, O anúncio veio com o slogan “O JB vai sair do papel. E entrar na modernidade”, a partir de 1 de setembro do mesmo ano, existiria somente em versão online, com alguns conteúdos restritos a assinantes, o JB Premium. O JB agora se autodenomina "O Primeiro jornal 100% digital do País!"

 

O Globo

O Globo é um jornal diário de notícias brasileiro, fundado em 29 de julho de 1925 e sediado no Rio de Janeiro. Está orientado para o público da grande área metropolitana. É parte integrante das Organizações Globo, de propriedade da família Marinho, que inclui a Rádio Globo e a Rede Globo de Televisão. Funcionou como jornal vespertino até 1962, quando se tornou matutino. De orientação política conservadora, é um dos jornais de maior tiragem do país. Ao lado da Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o O Globo é um dos jornais mais influentes do Brasil.

O jornal foi fundado em 29 de julho de 1925 por Irineu Marinho. No entanto, Irineu faleceu 21 dias após a fundação do jornal. O Globo foi então herdado por seu filho Roberto Marinho, que trabalhava na empresa como repórter e secretário particular do pai. Por meio do jornal, da venda de história em quadrinhos e investimentos no ramo imobiliário, Roberto Marinho conseguiu criar um poderoso conglomerado de empresas de mídia, as Organizações Globo, hoje constituída pela TV Globo, Rádio Globo, Editora Globo e demais veículos.

Em 1936, O Globo lançou a primeira telefoto da imprensa brasileira. Durante a Segunda Guerra Mundial, o jornal criou o Globo Expedicionário, que levava informações sobre o Brasil para os soldados brasileiros servindo na Europa. Em 1964, o jornal “O Globo” publicou um editorial que ainda hoje provoca polêmica. O título do artigo “Ressurge a democracia” é, na verdade, a comemoração do Golpe Militar de 1964.

Capa de 1964

Capa de 1964

“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais.”

Em 4 de abril do mesmo ano, publicou:

“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.”

Histórica capa de 1985

Histórica capa de 1985

Em 1996, lançou sua versão digital, após o Jornal do Brasil, o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo.

 

Grupo: Adryerlle Moreira, Jade Murad, Fábio Pereira, Samanta Machado, Carolina Chaves





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