Tema 1 – A imprensa no Período Joanino e Brasil Império
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Tema 1 – A imprensa no Período Joanino e Brasil Império


A imprensa no Brasil Império

A expansão européia e a posterior colonização, no século XVI, fizeram com que a impressão fosse introduzida pouco depois da conquista de territórios no Novo Mundo. O uso efetivo de instrumentos para impressão tipográfica no Brasil dependeu da chegada da Corte portuguesa ao Brasil, em 1808.

Houve uma série de fatores que atrasaram a introdução da imprensa no país, ligados principalmente à natureza do empreendimento colonial português.

A chegada do príncipe regente, D. João, marca o início da história da imprensa no Brasil, e alguns anos depois – com a Independência, em 1822 – a história da imprensa brasileira.

Impressão e tipografia no Brasil e as razões de seu atraso

Foram os holandeses que fizeram a primeira tentativa de introduzir a tipografia no Brasil, entre 1630 e 1655. Fora selecionado um tipógrafo para trabalhar em Recife, porém ele morreu pouco depois de chegar ao Brasil. Os holandeses continuaram tentando encontrar outro impressor: esforço em vão.

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Sessenta anos mais tarde, quando os holandeses já haviam sido expulsos do território brasileiro, teria ocorrido a primeira impressão no Brasil, em Recife, porém não há provas.

Um tipógrafo português, Antônio Isidoro da Fonseca, instalou uma oficina completa de tipografia no Rio de Janeiro, em 1746, que imprimiu alguns folhetos e talvez livros. Isidoro era um editor reconhecido, e sua vinda ao Brasil deve-se a um convite do governador do Rio na época. Porém, quando a notícia sobre a tipografia chegou a Lisboa, as autoridades ordenaram ao governador que ela fosse fechada, assim, Isidoro retornou a Portugal.

No período colonial, antes de 1808, qualquer texto escrito no Brasil deveria ser impresso na Europa ou permanecer na forma de manuscrito. O tempo de demora normal de algum documento corriqueiro, entre o envio para Portugal, impressão e regresso era de quatro a cinco meses.

A xilografia era utilizada para fazer cartas de baralhos, tanto em fábricas quanto por fabricantes clandestinos, desde o final do século XVIII. Posteriormente, utilizando também este meio, a Impressão Régia passaria a fabricar tais cartas em um negócio bastante lucrativo.

As razões do atraso da imprensa no Brasil

1. A natureza feitorial da colonização

A colonização no Brasil era voltada para a produção de bens para o mercado externo, utilizando grandes propriedades distantes umas das outras. Não houve maior impulso civilizatório que justificasse a introdução da imprensa.

2. O atraso das populações indígenas

Os portugueses não precisaram da imprensa para fazer frente a uma cultura nativa desenvolvida que se deveria dominar também no plano cultural, justificando o uso da tipografia não necessária.

Os portugueses não chegaram a importar sua língua e até o século XVIII falou-se no Brasil, principalmente nas zonas rurais, a língua variante do tupi. Isso também não estimulou o surgimento da tipografia, no sentido de que sequer seria útil ao empreendimento catequético.

3. A predominância do analfabetismo

A escrita era quase um privilégio da classe religiosa e da alta administração pública. O ensino na colônia era limitadíssimo.

4. A ausência de urbanização

O desenvolvimento das cidades começa a consolidar-se somente no início do século XIX no Brasil. A demanda por informações internas e exteriores era baixa.

5. A precariedade da burocracia estatal

Houve uma baixa iniciativa estatal portuguesa relativa à colonização do imenso território. Não existiu no Brasil uma administração que precisasse do meio tipográfico como instrumento burocrático.

6. Incipiência das atividades comerciais e industriais

O Brasil colonial ocupava uma posição periférica na estrutura do capitalismo de então, como exportador de produtos agrícolas. Não se desenvolveram de modo expressivo nem comércio nem indústria que demandassem produtos tipográficos.

7. Reflexo da censura e do obscurantismo metropolitanos

Havia uma rigorosa censura em Portugal que fazia com que nenhuma publicação circulasse no Reino ou nas colônias sem a autorização de órgãos primários.

A repressão ao impresso aqui tenderia, a partidor do século XVIII, a ser mais rigorosa, procurando afastar as idéias e princípios norteadores das revoluções francesa e norte-americana que poderiam questionar o domínio português.

A transferência do governo português para o Brasil modifica a estrutura da colônia, provocando uma série de transformações no país. Alteram-se em parte as circunstâncias vistas acima e a imprensa é, enfim, implantada aqui por meio da Impressão Régia.

A Impressão Régia e os primeiros jornais

Com a chegada do príncipe regente, acompanhado por pelo menos 2.000 pessoas que fugiam da invasão napoleônica, ocorre uma grande transformação no Brasil, no começo do século XIX.

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A criação da Impressão Régia surge quando Antônio de Araújo e Azevedo, ministro de D.João, comprou para sua pasta uma tipografia. Já no Rio esta tipografia foi apropriada pelo regente, que monopolizou a impressão apenas no Rio de Janeiro até 1822. Durante seus catorze anos de monopólio, a Impressão Régia produziu mais de mil itens.

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A Impressão Régia imprimiu documentos do governo, cartazes, sermões, panfletos e o primeiro jornal impresso do país: a Gazeta do Rio de Janeiro, cuja estréia data em 1º de setembro de 1808, tendo como redator o frei Tibúrcio José da Rocha. Este primeiro jornal impresso era semanal.

Em 31 de junho de 1808, começa a ser publicado o Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal brasileiro. O Correio Braziliense, editado por Hipólito da Costa, era escrito e impresso em Londres, mas dirigido e importado para o Brasil, inicialmente por vias normais e, depois de proibido pelo governo, em 1809, circulando com bastante influência.

O Correio Braziliense não defendeu a independência brasileira de modo programático, no entanto era favorável aos princípios liberais, ao fim do trabalho escravo, à monarquia constitucional, à liberdade de opinião, ou seja, reformas modernizadoras que pareciam revolucionárias. Por conta disso se tornou o jornal que mais incomodaria as autoridades políticas portuguesas.

A Gazeta do Rio de Janeiro e O Correio Braziliense são emblemáticos, a despeito de eventuais convergências que um exame mais vigoroso revela, de dois modelos de jornalismo que coexistiram nos anos pré-independência e no Império: um “áulico”, e outro combativo.

O Brasil mudou muito durante o período joanino: houve um progresso intelectual e econômico que faz com que historiadores como Caio Prado Júnior digam que os catorze anos em que D. João VI ficaram no Brasil não devem ser colocados no cômputo da fase colonial do país.

Ao modelo oficial da Gazeta do Rio de Janeiro ou do tipo de jornalismo crítico, mas distante, do Correio Braziliense soma-se uma imprensa opinativa que irá contribuir para a formação de uma opinião pública.

Hipolito da Costa

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Ao embarcar para o Brasil, fugindo dos ataques franceses à Portugal, o rei D. João VI trouxe consigo uma impressora. O conflito começa aí, visto que, para evitar a propagação de idéias revolucionárias, a monarquia havia proibido que impressoras existissem no Brasil.

“Para fugir da censura, o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro criado pelo jornalista gaúcho Hipólito José da Costa, em 1808, seria impresso e distribuído em Londres”.

Para justificar o nome de seu jornal, Hipólito apregoava que o termo “brasileiro” se referia ao português ou ao estrangeiro que se estabeleceram no Brasil.

Aliás, sua jornada era tão confusa quanto as definições dos termos. Fora do Brasil desde os 16 anos de idade, Hipólito fora perseguido em Portugal, onde estudara. Decidiu viver em Londres. Tinha uma vocação natural para o jornalismo. Implantou, talvez sem saber, as bases da imprensa moderna, com seus atributos – entre outros, ecletismo, universalismo, difusão coletiva etc. Os escritos de Hipólito eram lidos com entusiasmo pela clareza da redação e rigor nos argumentos. Sabia explicar e convencer. Comentava em profundidade os fatos ocorridos na Europa e nas Américas.

O trabalho do "patrono da imprensa brasileira" mereceu atenção de Alberto Dines, com esta opinião: "Não produz manchetes. Mas graças a ele o Brasil entra na era do jornalismo". Para Isabel Lustosa: "Porque acreditava na força da palavra impressa, aventurou-se neste louco empreendimento de escrever do outro lado do Atlântico". Como homenagem ao bicentenário da chegada do jornal ao Brasil, a Imprensa Oficial de São Paulo, associada a várias entidades acadêmicas e profissionais, publicou em edição fac-similar, uma coleção com trinta e um volumes que contém todo o material das páginas de O Correio Braziliense ou Armazém Literário.

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O Jornalismo da pré-independência

Estes periódicos cumpriram o papel de suprir a carência de livros e outros meios de informação num país que tinha ainda muitas deficiências.

A imprensa política era dominante, porém, é destes anos também o Diário do Rio de Janeiro, jornal distanciado de questões políticas, mas que pode ser considerado o primeiro jornal informativo do país, bastante popular. O jornalismo político de caráter polêmico, defensor de teses, feito então é o herdeiro de folhetos que foram publicados a partir dos anos de 1820 opinando sobre assuntos públicos, como a volta de D João a Portugal.

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No campo ”oficial”, conservador, situou-se também O Espelho, que fazia um jornalismo agressivo, insultuoso, no qual os violentos artigos publicados por D. Pedro encontravam um ambiente natural.

O representante pioneiro da imprensa liberal do país, bem como do jornalismo politicamente independente, foi o Revérbero Constitucional Fluminense, de Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, que durou 2 anos.

Em 1821 surge também A Malagueta, personalíssimo periódico de Luís Augusto May, Era um dos jornais mais ambíguos do período, característica do seu próprio estilo.

O jornalismo como instrumento panfletário de convencimento político caracterizaria ainda por muito tempo a imprensa brasileira, sendo a tônica na primeira metade do século XIX.

O Segundo Reinado e o jornalismo

O posterior avanço da imprensa, no plano material seria no sentido de uma modernização no maquinário, que permitisse o jornal diário, maiores tiragens e o uso de ilustrações.

Também importante para o jornalismo no período foi a introdução do telégrafo, o uso de cabos submarinos para transmissão de mensagens e o desenvolvimento do sistema de correios. Há ainda um crescimento da profissionalização e especialização do setor em contraste com o jornalismo de “um homem só”.

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O aspecto mais marcante da imprensa no Segundo Reinado talvez seja, contudo, sua participação nas campanhas da Abolição e da República. Um caso particularmente interessante é a criação do jornal A Província de São Paulo, em 1875, que adota a linha do Partido Republicano.

A Província sinaliza para o tipo de imprensa que se tornaria dominante, mantendo preocupação política, ao mesmo tempo em que objetiva estruturar-se como empresa.

 

(Grupo 1 – Larissa Caldieri, Gabriel Mendes, Gustavo Miguel, Isabella Rabelo, Glaucia Rodrigues)





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